domingo, 19 de junho de 2011

Offismo: um dos sete pecados do jornalista

Eu já comentei aqui qual é a diferença entre off-the-record e not for atribution, mas queria acrescentar algumas coisas. Lendo 'Sobre Ética e Imprensa', do Eugênio Bucci, ele classifica o "offismo" como um dos sete pecados do jornalista. Eis o por quê:

"Offismo. O off é um termo que faz parte do jargão das redações. Tem origem na expressão inglesa off the record, que designa aquilo que se diz a um jornalista 'confidencialmente', isto é, algo que se diz para não ser registrado. Há aqui uma variante sutil que merece nota. O que a fonte declara em off, rigorosamente, é algo que não deve ser publicado nem mesmo quando ela, fonte, não é mencionada na reportagem. 

Diferente disso é aquilo que a fonte declara para publicação, pedindo no entanto sigilo sobre sua identidade. No Brasil, a 'declaração em off' admite os dois significados. Em seu uso mais corrente, a expressão se refere à informação que poderá ser publicada desde que não se identifique a fonte. 

Entre nós, é verdade, o uso do off tornou-se rotina e se transformou em abuso. Com frequencia o leitor, o telespectador, ou o ouvinte não fica sabendo da origem da informação. Ele só é avisado de que 'uma alta autoridade do Ministério tal' ou 'um professor que prefere não se identificar' ou ainda 'uma fonte qualificada' disse isso ou aquilo. 

Outros recursos para o mesmo procedimento são os cacoetes de texto do tipo 'comenta-se', 'garante-se' etc. Muito comum nas colunas de notas de informação política, econômica, e de interesse geral, esse modo de informar, salvo exceções, é também um modo de desinformar. Afinal: quem diz? quem garante? quem comenta? Não se faz bom jornalismo com declarações anônimas."

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