terça-feira, 5 de abril de 2011

Repórteres do Grupo Folha são demitidos por uso indevido do Twitter

Na última quarta-feira, após o anúncio da morte do ex-vice-presidente José Alencar, dois repórteres do Grupo Folha travaram um diálogo no Twitter que lhes custaram o emprego:

Repórter do Agora SP, Carol Rocha (@CarolinaRocha)

Editor-assistente de política da Folha, Alec Duarte (@alecduarte)


(O erro gravíssimo a que se refere Alec Duarte é a publicação da morte do ex-senador Romeu Tuma, que embora estivesse hospitalizado ainda não tinha morrido.)

Além de revelar o que todo mundo já sabia, mas ninguém gosta de falar _que há obituários prontos na redação muito antes da morte da personalidade_ a conversa levantou outra discussão.

Os perfis dos jornalistas nas redes sociais, como o Twitter ou Facebook, podem ser consideradas apenas pessoais? Eles podem publicar em suas contas o que quiserem?

Para a Ombudsman da Folha de S. Paulo, Suzana Singer, não: 
"Jornalista não pode declarar voto político, xingar artistas, amaldiçoar o time de futebol rival, bater boca com leitores, expressar preconceito nem tentar obter vantagem pessoal. É muito limitante, mas o repórter precisa considerar que amanhã poderá ser cobrado por uma opinião 'inocente'", comentou a ombudsman em sua coluna nesse domingo. Singer ainda completou: "O repórter é seguido, curtido, recomendado, também como um representante do lugar em que trabalha".

A chefia de reportagem da Folha já havia comunicado, em 2009, que os repórteres do jornal deveriam seguir o projeto editorial também em seus perfis sociais. Isso significa que não devem ser revelados na rede os bastidores da redação, os offs, as reportagens exclusivas em apuração, as fontes... Outros veículos chegaram a proibir o uso do Twitter, para evitar constrangimentos.

Veja aqui alguns tuítes que derrubaram jornalistas.

Em contrapartida, restringir o uso das redes sociais aos repórteres significa censura à liberdade de expressão?

A jornalista demitida Carol Rocha pensa que sim:
"Um jornal que zela tanto pela liberdade de expressão, que diz não admitir qualquer tipo de censura, praticar a mesma censura contra seus funcionários é hipocrisia. Me lembro que o manual de redação diz alguma coisa como 'somos abertos a críticas'. Sério? Não conheço ninguém que tenha criticado a Folha e não tenha sofrido represália", publicou a jornalista em seu blog pessoal.

Mas, e você, o que acha? É legítimo a orientação por parte das chefia ou o repórter do veículo pode usar como bem entender o seu perfil na rede social?

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